PATA ANTE PATA
SÉRIE XAMÃ
dos Folhetos Cadinho RoCo
PATA ANTE PATA
Chegou na cozinha
pata ante pata sem se deixar perceber. Eu com geladeira aberta, na prateleira
da porta caixa com leite.
Peguei-o
farejando aquela caixa, instrução pra que saísse dali, fechei a geladeira.
Xamã se afastou
só um pouco, sentou com olhar de angustia pra geladeira e choramingou.
Saí da cozinha
ele veio comigo até à porta. Voltou a sentar agora mais distante, voltou a
olhar pra geladeira e de novo aquele choro assim de angustia, baixinho.
Terá Xamã, mesmo
sendo um cão, lembrado de sua mãe, do início dos seus atuais 67 dias de vida,
daquele período da amamentação trazido agora pela caixa com leite?
Belo Horizonte, 17 dezembro 2013
DERBAKA
Foi linda a aparição daquele som. A
percussão do instrumento foi ganhando ambiente, doutrinando ouvidos e
inquietando corpos.
Não era uma darbuka. Era uma derbaka.
Cheguei mais perto. Os dedos ágeis do
percussionista na pele esticada causava arrepio. Braços em busca de gestos no
K-Bab que respirava outra dimensão do tempo. E a música no encanto daquelas
mulheres transpirando vida. Coração no palpitar do ventre, no balanço dos
ombros, na ousadia das pernas, nos pés descalços, no dedilhar de delírios.
Era uma derbaka que é a darbuka libanesa.
Se é assim, a darbuka é uma derbaka egípcia. Pensamentos em busca de lógica. E
o estalo daquele toque a provocar imediata reação da sutileza de atento
pandeiro. Colares, anéis, pulseiras e a beleza daquela tiara. K-Bab na sede de
tanta sedução. Até que a derbaka inquieta, de um toque definitivo, instala o
silencio.
Aplauso delirante.
3 comentários:
Nunca tinha ouvido falar , nem de derbuka nem de darbuka.
Adoro o Xamã!
xx
Vamos acabar formando um fã clube do Xamã. Ele é muito fofo. Abraço!
Oi Cadinho
Vim agradecer e retribuir a visita.
Muito interessante seu texto, gostei.
Roseli
Postar um comentário