FAREJADOR
SÉRIE XAMÃ dos
Folhetos Cadinho RoCo
FAREJADOR
Não é sempre, mas
quando dá converso com Xamã e não pense você que o cão não entende ou que fique
indiferente ao que digo a ele. E como se isso não bastasse, porque não basta
mesmo, Xamã responde ao modo dele e troca ideia comigo sim, porque apesar de
irracional ele pensa e até obedece, acata o que digo a ele.
Com pouco mais de
3 meses de vida e por força da sua mais que notória evolução, Xamã adota
comportamento compatível com sua idade e tamanho. Brinca, mas a brincadeira
ganha ares de lições a determinarem novas referências. Sabe quando vou sair,
sabe quando chego. Assume posição para despedida e acolhida de maneira não só
regular, mas direi precisa.
Xamã diz que é
importante estar atento e por isso trata de farejar tudo que vê pela frente.
Belo Horizonte, 18 janeiro 2014
FANTASMA DA GANÂNCIA
É bem
possível que a ganância seja dos piores fantasmas espalhados por aí. Ela é
esperta, cínica, por demais oportunista e devastadora. Sua ação, ainda que
camuflada por simpáticos gestos de desprendimento, é de impressionante precisão.
Há em sua astúcia o cultivo de situações que sutilmente vão sendo invertidas
por golpes rápidos de argumentos devidamente preenchidos por espécie de
lamentação a ir, com toda frieza, apelando para o calor emotivo de propósito
tão bem articulado. O que vai, sem qualquer pressa, dando ao fantasma sombra
mais que oportuna para que sua presença não seja percebida.
A
ganância produz a miséria, o desprezo e a violência. Ao ser ganancioso, a
distância de quem não consegue sentir mais que simples reações físicas a
fazerem do ser humano o pior dos animais, ou seja, o que rejeita sua própria
natureza. Trata-se de pessoa possuída por esse fantasma, cuja decifração é puro
nojo.
A
ganância é um câncer terrível, capaz de destruir vidas inteiras ao transformarem
a consciência em tão degradante alimento de sua própria evolução.
Belo Horizonte, 01 março 2003
Um comentário:
Deve ser das piores coisas... não olhar a meios para atingir os fins.
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