Cadinho RoCo – Jeito outro de ler e pintar a vida.

Estréia oficial do Blog – 27 novembro 2006

sábado, 18 de janeiro de 2014

FAREJADOR

SÉRIE XAMÃ dos Folhetos Cadinho RoCo
FAREJADOR
     Não é sempre, mas quando dá converso com Xamã e não pense você que o cão não entende ou que fique indiferente ao que digo a ele. E como se isso não bastasse, porque não basta mesmo, Xamã responde ao modo dele e troca ideia comigo sim, porque apesar de irracional ele pensa e até obedece, acata o que digo a ele.
     Com pouco mais de 3 meses de vida e por força da sua mais que notória evolução, Xamã adota comportamento compatível com sua idade e tamanho. Brinca, mas a brincadeira ganha ares de lições a determinarem novas referências. Sabe quando vou sair, sabe quando chego. Assume posição para despedida e acolhida de maneira não só regular, mas direi precisa.
     Xamã diz que é importante estar atento e por isso trata de farejar tudo que vê pela frente.
Belo Horizonte, 18 janeiro 2014
FANTASMA DA GANÂNCIA
     É bem possível que a ganância seja dos piores fantasmas espalhados por aí. Ela é esperta, cínica, por demais oportunista e devastadora. Sua ação, ainda que camuflada por simpáticos gestos de desprendimento, é de impressionante precisão. Há em sua astúcia o cultivo de situações que sutilmente vão sendo invertidas por golpes rápidos de argumentos devidamente preenchidos por espécie de lamentação a ir, com toda frieza, apelando para o calor emotivo de propósito tão bem articulado. O que vai, sem qualquer pressa, dando ao fantasma sombra mais que oportuna para que sua presença não seja percebida.
     A ganância produz a miséria, o desprezo e a violência. Ao ser ganancioso, a distância de quem não consegue sentir mais que simples reações físicas a fazerem do ser humano o pior dos animais, ou seja, o que rejeita sua própria natureza. Trata-se de pessoa possuída por esse fantasma, cuja decifração é puro nojo.
     A ganância é um câncer terrível, capaz de destruir vidas inteiras ao transformarem a consciência em tão degradante alimento de sua própria evolução.

Belo Horizonte, 01 março 2003

Um comentário:

S* disse...

Deve ser das piores coisas... não olhar a meios para atingir os fins.