Cadinho RoCo – Jeito outro de ler e pintar a vida.

Estréia oficial do Blog – 27 novembro 2006

terça-feira, 30 de setembro de 2014

SOB MEDIDA



SÉRIE XAMÃ

FOLHETOS CADINHO ROCO

SOB MEDIDA

    Enquanto caminho com Xamã observo detalhes do tempo em transformação. Não é de hoje que percebo ser tudo diferente sempre. É algo intrigante pensar num mesmo caminho que nunca é o mesmo, numa mesma pessoa que nunca é a mesma.

     Batistão diz ter ganho e perdido muito dinheiro e agora parece não entender bem como é que tudo acontece tão rápido. O passar do tempo é veloz ou lento?

     Para Xamã a velocidade e a lentidão são formas que encontramos para medir a passagem dos nossos acontecimentos. Mas quem foi que disse que temos de estar sempre medindo o que acontece conosco? Nascemos para viver sob medida?

Belo Horizonte, 30 setembro 2014

ENGANO DA COBIÇA

     Da noite para o dia viu-se afastado pelos amigos. Aqueles companheiros de sempre foram desaparecendo sem fazer barulho. De repente percebeu estar dissociado daqueles tantos projetos aplaudidos por todos que agora desapareceram.

     O jeep na sombra da garagem é uma peça que brinca com a memória de passagens desafios banhados por prazerosas aventuras. Estradas de terra bruta, pedras pontes pinguelas a serem enfrentadas. Será que a estrutura da construção suporta peso do carro? E a garagem da casa do jeep parece contemplada por outro significado vindo do sítio fazenda que está viva e tão próxima deste lugar.

     Os milhões bilhões de reais agora valem nada. Tanto esforço, tanto risco, tanta paciência para resultar em tanta denúncia, em tanta curiosidade, em tanto o que explicar para que a justiça seja feita para o bem de todos. Problema é que todos somem diante da evidência dos fatos. Fica alguém, para ser o ninguém a representar tudo e todas as coisas associadas a tanta gente.

     O jeep resiste ao rigor das manobras. Mas agora está parado, estacionado e exposto ao anúncio que coloca-o à venda. E a garagem continua sendo a daquela casa  descrita por sua quietude familiar. O jeep, carro de alguém, também assume ar de propriedade particular.

     E na solidão de tantas acusações, ele percebe em si mesmo um ser idiota, perdido. Há em seu agir a contradição do engano. É isso. Ele percebe ter sido enganado por sua própria cobiça.

Belo Horizonte, 10 agosto 2005

2 comentários:

Bell disse...

oiii

Tudo muda e tudo se transforma, basta a gente parar e observar.
Nem mesmo o mar é o mesmo todos os dias. Td se renova =)

Élys disse...

A vida é assim não fica parada e tudo vai mudando. Precisamos ir nos adaptando.
Um abraço.