PERGUNTAS SEDENTAS

SÉRIE XAMÃ dos

FOLHETOS CADINHO ROCO

PERGUNTAS SEDENTAS

     Daquela roda de conversa em que estávamos eu, João da Barra, Batistão e Xamã brotaram perguntas que parecem estar em órbita por aí.

     Sinceramente, você acredita em bandido?

     Acredita que uma campanha inteira regida e alimentada pela mentira possa, de forma verdadeira, sair vitoriosa?

      Quando a senhora mentira propõe diálogo você acredita haver verdade nessa proposta e nesse eventual diálogo?

     Sem admitir a mentira dá pra acreditar numa postura verdadeira por parte da pessoa mentirosa?

     Qual o limite da senhora mentira com relação à própria mentira?

     Dá pra acreditar nos números de quem defende a mentira?

      Dá pra ignorar a mentira em meio a sucessivas denúncias da sua prática?

     As perguntas surgem a cada instante que passa, sedentas por respostas convincentes.

Belo Horizonte, 03 novembro 2014  

NOS CASCOS

     Tudo nos cascos e casos da vida que galopa sem parar.

     Cavalo lindo.

     Égua encantadora.

     Potros e potrancas a sugerirem significado outro exalado pela juventude perfumada sempre com disposição nos cascos afiados do viver.

     Cavalo bem cuidado é cavalo confiante em seu próprio desempenho. Pelos em tonalidades lustradas e refletidas por luzes mágicas. E o movimento do animal impondo presença força agilidade.

     Égua que transita por sonhos capazes de fazerem com que ela voe atravesse espaço e desapareça nas nuvens. Depois lá longe sua sombra aparece interferindo na luz vinda da lua. Que noite alucinada esta que inunda casa de campo escura e com aquela sua enorme mesa tampa de madeira maciça.

     Potros potrancas. Ela passeando cavalgando esquecida da vida, no campo bosque de chão folhas secas e acordadas pelos cascos que conseguem sugerir poética maciez. Meu Deus como é fascinante testemunhar natureza tão uniforme.

     Cavalos éguas responsáveis pelo transporte de séculos milênios inteiros. E o mais incrível é que eles elas existem mesmo.

Belo Horizonte, 02 Dezembro 2005