Cadinho RoCo – Jeito outro de ler e pintar a vida.

Estréia oficial do Blog – 27 novembro 2006

sábado, 31 de janeiro de 2015

CARNE PODRE



SÉRIE XAMÃ dos
FOLHETOS CADINHO ROCO
CARNE PODRE
     O Brasil está feito em canoa furada e encalhada sobre o leito do rio seco. Canoa furada só não afundou porque o rio secou. E tal como o rio a arrogância de quem antes apontava o dedo para os ditos “pessimistas de plantão”, agora se esconde na mediocridade própria de quem sabe culpar sem reconhecer a própria culpa.
     É assim que o mundo dá voltas, é assim que a mentira se torna abatida pela evidência da verdade sempre mais forte. É fácil sair por aí desprezando tudo e todos quando bajuladores tratam de cercar e maquiar a mediocridade de quem usa e abusa do poder que, em verdade, não lhe pertence. Difícil mesmo é expor à luz das evidências a pele do cinismo.
     Xamã resmunga ao farejar carne podre.
Belo Horizonte, 31 janeiro 2015
ARREBENTAÇÃO
     Olhou-me trazendo ao raso do meu olhar o fundo dos seus olhos. Percebi sua presença faceira respirando em meu coração.
     Ela no estrangeiro do meu viver.
     Eu na anônima solidão do sonho.
     Olhos olhares transmitidos por distância tão transparente.
     Preso pelo libertar de tão forte sentimento, a frágil sensação de perceber sua imagem tão perto de mim.
     Onda desmancha na praia, mais um pedaço do mar.
Belo Horizonte, 26 agosto 2006

Um comentário:

Graça Pires disse...

À parte as razões de XAMÃ, gostei mesmo do seu texto Arrebentação que é um poema que me tocou...
Beijo.