CARNE PODRE
SÉRIE XAMÃ dos
FOLHETOS CADINHO ROCO
CARNE PODRE
O Brasil
está feito em canoa furada e encalhada sobre o leito do rio seco. Canoa furada
só não afundou porque o rio secou. E tal como o rio a arrogância de quem antes
apontava o dedo para os ditos “pessimistas de plantão”, agora se esconde na
mediocridade própria de quem sabe culpar sem reconhecer a própria culpa.
É assim
que o mundo dá voltas, é assim que a mentira se torna abatida pela evidência da
verdade sempre mais forte. É fácil sair por aí desprezando tudo e todos quando
bajuladores tratam de cercar e maquiar a mediocridade de quem usa e abusa do
poder que, em verdade, não lhe pertence. Difícil mesmo é expor à luz das
evidências a pele do cinismo.
Xamã
resmunga ao farejar carne podre.
Belo Horizonte, 31 janeiro 2015
ARREBENTAÇÃO
Olhou-me trazendo
ao raso do meu olhar o fundo dos seus olhos. Percebi sua presença faceira
respirando em meu coração.
Ela no estrangeiro
do meu viver.
Eu na anônima
solidão do sonho.
Olhos olhares transmitidos
por distância tão transparente.
Preso pelo
libertar de tão forte sentimento, a frágil sensação de perceber sua imagem tão
perto de mim.
Onda desmancha na
praia, mais um pedaço do mar.
Belo Horizonte, 26 agosto 2006
Um comentário:
À parte as razões de XAMÃ, gostei mesmo do seu texto Arrebentação que é um poema que me tocou...
Beijo.
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