CRESCENDO
CRESCENDO
As plantas crescem. Passam os dias e as
plantas crescem e se reproduzem. Surgem outras plantas que também crescem numa
demonstração clara de que a transformação está em tudo e todas as coisas.
O desenho cresce. Passam os dias e o desenho
que antes sugeria algo aparece com outra sugestão. O desenho cresce de maneira
tão diversa quanto sutil. São mudanças que acontecem, mas que nem sempre são
sentidas e obsevadas com pouco mais de atenção.
O que não quer dizer que plantas e desenhos permaneçam inertes ao tempo.
Será que conseguimos dar conta das nossas
próprias mudanças?
Belo Horizonte, 28 outubro 2017
O
NAVIO
Estamos sempre chegando a algum lugar. Do horizonte distante, a imagem
que vai tornando-se próxima. No mar do Caribe, uma embarcação. Um barco. Melhor dizendo, um navio. Trata-se de
um enorme transatlântico. Imponente, bonito, robusto, gigantesco.
Do veleiro, a minúscula sensação de estar diante de uma miragem. Mas, lá
está ele, aquele navio tão comprido quanto alto. Ele segue para oeste, enquanto
vou para o leste. Entre nós, uma milha náutica, se bem calculada.
O mar celebra o nosso encontro. Passamos um pelo outro, sem nada dizer.
Sinto-me mais próximo da ilha que quero alcançar. E o navio vai se afastando,
deixando o veleiro quase que paralisado por sua velocidade. Do seu rastro, a
marola enfurecida. Mas o veleiro parece cuidar do seu humor, com singular
sabedoria.
Busco do mapa nossa localização. E aquele navio tão grande, vai
desaparecendo aos poucos.
Belo Horizonte, 14 março
2000
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