QUIETUDE
QUIETUDE
Falou disso, falou daquilo, sensação de que não disse nada. Depois tempo
amadureceu compreensão e foi aí que começou a perceber sentido naquelas
palavras antes aparentemente desencontradas.
Observou pintura nascendo de um acerto brotado da atenção distraída pelo
passeio do mais sincero expressar do gesto. Era espécie de dança que vinha da
imagem traduzida por tudo que foi dito antes, mas que se fazia presente no
silencio agora.
Ficou quieto observando o silencio da noite no escurecer da pintura
clareada por imposição daquela imagem. Havia sim um sentido estampado pela
quietude da tinta no papel.
Belo Horizonte, 29 novembro 2017
INDO EMBORA
Um dia ganhei um par de canetas. Uma delas desapareceu como que por
encanto. A pessoa que presenteou-me com o par de canetas, mulher encantadora,
foi embora. Dia desses ela telefonou-me, querendo notícia. Conversamos o
suficiente para sabermos o que temos feito da vida. Ela foi embora novamente.
Comigo, a caneta que passeia pelo papel, deixando o rastro da minha
caligrafia. Tenho a sensação de também estar indo embora com as palavras. Nem sei se estou
aqui.
Belo Horizonte, 20 janeiro 2001
2 comentários:
Essa ligação à caneta ... é fascinante e na inquietude ... um belo texto!
bj
belo texto :))
Beijinhos melados
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