DE VOLTA

DE VOLTA

      Estefane vem à minha lembrança quando então penso na necessidade de comprar material de trabalho. Ela está lá naquela loja que funciona de segunda a sábado horário comercial.

      Os dias passam num verão que mexe com a lembrança em ondas do mar aberto que vem de encontro ao olhar distante e vazio numa sensação de mergulho a inundar o corpo com singular suavidade.

      Estefane diz que tem sim o papel que preciso adquirir naquela manhã ensolarada. Ainda bem que encontro o que preciso, respiro fundo pensando no que tenho para o dia que segue seu rumo.

      No mar a presença de algo que chega como necessidade que sinto palpitar no coração.

     Estefane agradece enquanto busco da bicicleta caminho de volta para casa.

Belo Horizonte, 11 janeiro 2018

QUE FATOS?

     A mim já não interessa mais saber o que acontece com Belo Horizonte. Ouço insatisfação daqui, reclamação dali e permaneço ouvinte sem nada dizer. Cansei.

     A cidade está aí, vivendo e convivendo com seus dias fecundos ou não. Meus sonhos arrebatam corpo e alma. Esperança sangra suportando sua dor em silencio. As evidências são tão óbvias.

     Passo pelo prédio do Diário da Tarde a inspirar sonho de poder publicar meus escritos diariamente. Mesmo assim, respiro ares distantes. O que isso quer dizer, não digo.

     Estarei vivendo? Súbita pergunta que surge de mim para mim mesmo. O que dispensa palavras. Busco na transparência dos fatos alguma resposta. Mas, que fatos?

Belo Horizonte, 21 março 2002