BICICLETA JORGINA

BICICLETA JORGINA

      Lucia sugeriu que eu escreva mais sobre a bicicleta Jorgina. Ficou curiosa ao ouvir gravações d’O Itinerante e dos textos dos Folhetos Cadinho RoCo que mencionam Jorgina.

      Trata-se de uma bicicleta comum com alguns recursos técnicos a permitirem deslocamentos em lugares íngremes. Ela é meu meio de transporte em Belo Horizonte quando percorro por lugares acessíveis ao pedalar.

      O nome Jorgina surgiu em homenagem a São Jorge que tem seu dia de celebração em 23 de abril. Jorgina surgiu para mim em 25 de abril de 2015, daí a relação do seu nome com o santo que está representado em discreta medalha fixada no guidom da bicicleta.

     São muitas as ocasiões em que sinto a felicidade de ter Jorgina comigo.

Belo Horizonte, 26 fevereiro 2018

SAUDADE REPENTINA

     São cinco horas da manhã e o barulho é de um trem que parte. Despertado pelo escuro do quarto, vou embora com o trem que passa por Moeda rumo ao Estado do Rio. Trilho no aço estreito que cava trilha entre barrancos sombrios trazendo lembrança de lenha no fogão de Dona Quinha, que faz janta e almoço, faça sol ou faça chuva, em seu modesto restaurante próximo à estação ferroviária. Suas unhas enegrecidas pela fuligem de incansável trabalho, dão vida ao cumprimento de chegada e ao aceno de incessantes despedidas.

     São maquinistas, viajantes famintos a comandarem dezenas de vagões.

     Em Coroa Grande, na costa sul fluminense, passa o trem vindo de Minas Gerais. No escuro do quarto respiro a maresia de uma saudade repentina.

Belo Horizonte, 09 junho 2003