RAZÃO DE SER
RAZÃO DE SER
Observo construções, paredes que vão
surgindo, ambientes que vão nascendo. Penso nas paredes vazias e indiferentes a
tudo e todas as coisas pedindo alguma interferência mais que oportuna.
Pinto aquarelas servidas para lugares diversos, momentos contemplados ou
a contemplarem instantes inesquecíveis. Liberto aquarelas prontas para darem
personalidade às paredes antes carentes de um toque de arte.
Enquanto produzo percebo da aquarela empenho em oferecer caminhos abertos
para as mais longínquas reflexões. Lembro-me de comentários e aquisições
realçados pela felicidade de quem diz gostar muito de agora estar em convívio
diário com aquarela assinada por mim.
Na arte o surpreendente é o que dá a ela razão de ser.
Belo Horizonte, 04 fevereiro 2018
ROBIARA
Alto, magro, cara sofrida. Sua idade, uns cinqüenta anos. Barba e
cabelos grisalhos a escaparem do chapéu escuro com abas largas. Botas com canos
até os joelhos, pretas como todo resto da vestimenta protegida por vasta capa.
Um homem do mato, silencioso e observador. Tímido cumprimento abrindo
possibilidade de conversa. As cadelas, como que por encanto, parecem duas
estátuas sentadas à beira da fogueira. Sem mais o que fazer estendo a mão.
Língua de fogo aquece o balanço lento dos braços. Da voz, homem convida para
sentar. Quero saber quem é aquele homem que parece não querer saber quem sou
eu. Mesmo assim, digo meu nome como estímulo para que ele faça o mesmo. Homem
aponta para o cavalo dizendo ser ele o Robiara, nome vindo do tupi-guarani, que
significa: ter confiança em. Presente que ganhou de um índio amigo, faz tempo.
Na expressão do cavalo, mistério. Mas quem é este homem?
Belo Horizonte, 29
novembro 2002
2 comentários:
Gostei desse homem misterioso... Que as suas aguarelas sejam um sucesso.
Uma boa semana.
Um beijo.
Passando, lendo e elogiando o seu trabalho.
Deixando beijinhos
Postar um comentário