PAÍS AUSENTE

PAÍS AUSENTE

     Quanto mais o Brasil perde em lirismo, mais ganha em perversidade.

     Quanto mais distante for a sensibilidade para aquilo que em nós exubera a arte, sem aqueles elementos que tratam de falsifica-la, maior será o embrutecimento do que descreve e ilustra nossa realidade.

     A farsa poderá até se destacar sobre o legítimo em momentos tão isolados quanto frágeis, por não conseguir capacidade de sustentação.

      O Brasil perdeu sua própria referência por ter se permitido à leviandade imposta pela corrupção que corrói sua dignidade de maneira avassaladora.

     A percepção de um País que, ao invés de encarar o presente fica na averiguação do seu passado recente somado a meras intenções idas a um futuro hipotético, apresenta-se entregue ao naufrágio que levou-o ao abismo profundo.

     O Brasil é hoje um País ausente.

Belo Horizonte, 16 março 2018

DA FAZENDA DO RIBEIRÃO

     Recebo informação de que jaboticatuba é uma “planta da família das mirtáceas, gênero Eugenia, típica dos solos úmidos do cerrado”. O que para mim não chega ser bem isso. Creio ser a tal planta, árvore que deve ter o nome de jaboticatubeira, sendo sua fruta então conhecida por jaboticatuba que acabou dando nome à cidade de jaboticatubas.

     O que em 1753 era a Fazenda do Ribeirão, em 1841 passou a ser Ribeirão do Raposo que em 1858 transformou-se no Arraial Nossa Senhora da Conceição de Jaboticatubas. Em 1878 elevou-se à condição de Distrito do Ribeirão de Jaboticatubas e em 1938 foi adotado nome de Jaboticatubas até hoje assim mantido, como município encantador.

     Quanto ao fato da fruta, jaboticatuba é uma jaboticaba grande, difícil de ser encontrada. A propósito, na Praça Nossa Senhora da Conceição, em Jaboticatubas, existe uma jaboticatubeira plantada, mas que faz tempo não dá frutos.

Belo Horizonte, 16 outubro 2003