PROCEDIMENTO SUTIL

Não basta pensar por pensar PROCEDIMENTO SUTIL

Perguntou-me sobre o inconformismo. Não aceita porque não dá pra aceitar. Se é assim, não há como conformar com a idéia do sucedido. Se é assim, a questão salta do sucedido para a sua consequência. Se é assim, o que torna-se disforme é sequência do pensar que então trata o sucedido como algo inaceitável. Se é assim, percebe-se que a forma com que o pensar conduz o sucedido é que descobre desbrava e até cria caminho.
Aí é que está a essência da coisa. Se bem pensarmos, o que acontece age como espécie de desafio à nossa compreensão. Temos a liberdade de dar entendimento que quisermos ao acontecido. Podemos, a partir daí, ampliar nossos sentidos em busca do crescimento, ou simplesmente ficarmos presos à nossa mais que evidente limitação. Mas quando sentimos o abafo do aprisionamento, deparamos com o inconformismo que pode ser perfeitamente transformado na crença do que em verdade liberta o nosso ser. É quando surge a fé, como elemento de força a induzir o ser a um outro estado de inquietação, que é aquele que de fato estimula a vida ao viver.

Belo Horizonte, 03 abril 2008

BRINCADEIRA DE CRIANÇA

Depois de tudo, trabalhão de dias. Brincam comigo os filhos que não tenho e a esperança que alimento com um vinho argentino de agitar o sangue.
Um tango no sonho dançarino que celebra felicidade existente em distantes divagações. Entre tema e outro, a teimosia do viver que crê na poesia como meio de vida. Delírios que invadem corpo e alma em trânsito incerto. Em meio a tudo isso, a certeza que foge do raciocínio cético e remetido a precisão tão imprecisa. A necessidade de estar no dia de cada dia é que estampa esse silencio cultivado pela solidão da espera. Mas é preciso entender a parte de cada parte do entendimento. É preciso viver, para que possamos juntos, entender essa brincadeira de criança também conhecida por vida.

Belo Horizonte, 23 junho 2003