FORA DO COMUM

No meu processo criativo a realidade e a ficção se confundem exatamente porque considero a realidade como espaço para a ficção e a ficção componente da realidade
FORA DO COMUM

Parou de trabalhar com comércio de roupas porque não recebia das pessoas que pediam prazo pra pagar. Gostou das camisetas que pinto e prontificou indicar, comentar, mas assumir compromisso de venda não.
Quando trabalhamos de maneira limitada ficamos expostos a muitos riscos. Quando concedemos o crédito pela necessidade da venda abrimos possibilidade para o que escapa do nosso controle.
O que faço ao pintar as camisetas é procurar meio de sobreviver com trabalho que faço executo. O crédito está é no capital já investido. O que exige na venda pagamento imediato. Será difícil entender isto?
As camisetas que pinto são únicas e por isso livres de concorrência. Elas não fazem parte daquela outra proposta ida à disputa do mercado. Por isso é que para vestir as camisetas que pinto, antes surge a necessidade de compreende-las como uma proposta artística que ao sair do comum estampa identidade a ser assumida por quem coloca-se sensível à arte descrita por ela.

Belo Horizonte, 29 agosto 2008

FLOR MULHER

Nasceu uma flor
Anônima e alheia
A tudo que nasce
No mundo agora.
Nasceu uma flor
Mansa e macia
A perfumar
O mundo agora.
Nasceu uma mulher
No mundo agora
Tão outro.
Nasceu uma mulher
A inundar de sentidos

O mundo agora.

Belo Horizonte, 07 agosto 2000