ESTOU ASSIM

É assim desse jeito
ESTOU ASSIM

Estou quieto em meu canto e isto não tem
nada a ver com acomodação. Muito antes pelo contrário. Até porque, eu quieto em meu canto tenho muito o que fazer. Só que quieto no meu canto evito ficar exposto ao que paira por aí em farta versão de conversa saída do nada para o lugar nenhum e disso estou exausto, falta paciência não nego. E daqui exatamente onde estou tenho convívio que preciso, reconhecimento que atende a boa parte da minha carência e a devida proteção para que a esperança não receba indevido e direi até inoportuno tratamento.
Mas é lógico, totalmente lógico que preciso viver e que pra viver preciso de dinheiro. Por isso é que fico quieto no meu canto mais que atuante e com a oferta das camisetas que pinto e das palavras que escrevo, na viva e saudável esperança de que dessas sementes eu colha bom fruto. E não pense que estou parado. Aliás, se estiver com esta preocupação chegue mais perto com proposta boa porque nunca fui homem de recusar trabalho.

Belo Horizonte,21 setembro 2008

INDO EMBORA

Um dia ganhei um par de canetas. Uma delas desapareceu como que por encanto. A pessoa que presenteou-me com o par de canetas, mulher encantadora, foi embora. Dia desses ela telefonou-me, querendo notícia. Conversamos o suficiente para sabermos o que temos feito da vida. Ela foi embora novamente.
Comigo, a caneta que passeia pelo papel, deixando o rastro da minha caligrafia. Tenho a sensação de também estar indo embora com as palavras. Nem sei se estou aqui.

Belo Horizonte, 20 janeiro 2001