SE É ASSIM

Em 2000 vivi forte questionamento a mim direcionado sobre o que e quem sou diante de um mundo que fazia-se indiferente ao meu trabalho. Cá estou depois de 8 anos sem o tão famoso patrocínio. Do meu trabalho com as palavras, nenhum reconhecimento financeiro. Mas até posso entender perceber porque isso acontece. Só que hoje sei também que a serventia do meu viver passa por outro caminho a fazer com que enquanto vivo estiver este meu viver, vivo estarei com ele
SE É ASSIM...

Se passo por momento de algum isolamento, não é porque procuro isso e nem tão pouco porque pretendo isso. É contingência natural da vida que trato de entender como posso.
Se abro permissão em conversa que envolve até alguma oferta e se em resposta o que obtenho é o silencio, trato de, na quietude do meu ser estar, entender o que pode ser ou não ser o que penso.
Se é assim, busco caminho que encontro do dizer distante feito perto e vou por onde de alguma maneira chego, ainda que pela abstrata presença de cada palavra que escrevo transmito.

Belo Horizonte, 14 setembro 2008

VIVENDO ASSIM

Último dezembro, que é o último mês, do último ano, do último decênio, do último século do milênio.
Últimos centavos, dos últimos reais, do último crédito transformado em dívida. A sensação do degredo instalado em uma cela sem grades é amarga. Eis a palavra vida em busca da liberdade, aprisionada pelo trabalho sem patrocínio.
Se viver assim não serve, o serviço do viver fica sem serventia.

Belo Horizonte, 06 dezembro 2000