SENHORA ENIGMÁTICA

O encontro destes dois textos aqui apresentados é totalmente casual. Não li um para criar o outro. Por isso quando encontro o mais velho entre meus escritos fico surpreso e provocado a trazê-lo para que faça companhia ao mais recente nascido hoje.
SENHORA ENIGMÁTICA

Escrever todos os dias tem suas vantagens e desvantagens bem como acontece com tudo na vida. Mas digo escrevo isto porque tem dia que acontece um pouco de tudo e tem dia que passa num marasmo só. Lógico que por força do exercício tenho temas guardados arrumados em meu âmago para quando necessitar fazer uso de um ou de outro. Mas a desvantagem está é no fato de nunca conseguir esgotar este estoque muito embora haja em muitos momentos o não saber o que dizer escrever.
É estranha esta relação com as palavras que nem sempre estão dispostas aos nossos chamados. O que, de uma certa maneira, estampa o fascínio capaz de provocar nosso mais sincero empenho em colocar pra fora o que habita em nosso interior e que necessita de sair, porque no fundo somos todos eternos carentes desta não menos enigmática senhora conhecida por liberdade.

Belo Horizonte, 16 setembro 2008

POSSUÍDO PELA NECESSIDADE

O que fazer para seduzir o tema de cada tema? Creio haver a necessidade do desprendimento. A disponibilidade do espirito libertado e entregue ao sabor ameno do tema de cada tema.
Uma vez possuído pela necessidade do patrocínio, o estar torna-se naturalmente desviado do seu curso. O tema até aparece, sem no entanto permitir acesso. Fica distante, como quem opta pelo procedimento da reserva. Ao sentir o estar capturado pela carência, o tema afasta-se deixando as palavras entregues ao sabor da indiferença que pode até ser o tema de outro tema. É quando a alegria, torna-se confundida pela angustia.

Belo Horizonte, 21 dezembro 2000