VOTO NULO

Na falta de outra alternativa...
VOTO NULO

Voto em quem eu quiser, mas não voto só se quiser, porque sou obrigado a votar. Se não votar sou obrigado a justificar ausência e se não fizer isso sou punido por força da lei brasileira que assim exige da minha cidadania.
Por ser secreto, posso votar por interesse, por omissão, por corrupção, por protesto, por sabedoria ou por ignorância. Mas, não posso vender meu voto porque aí é crime eleitoral e nem posso acreditar que quem quer voto não seja capaz de fazer o que nem sei contar. Mas, posso votar em branco, na concordância da maioria, ou anular meu voto porque o voto é coisa séria e se é assim não posso não devo dedica-lo a quem irá brincar com ele, fazer bobagem, cometer abusos, não dar a ele o devido respeito. E se é assim e por ser assim é que então vou e anulo sem ter que por isso ficar com sentimento de que não cumpri meu mais solene dever de cidadania.
Quero e preciso ser feliz e por isso mesmo já não me permito sequer à ameaça do arrependimento. Se posso e tenho como fazer isso, trato de fazer.
Eu queria mesmo era ter como votar na vergonha.

Belo Horizonte, 11 setembro 2008

VAZIO ÚMIDO

Um vazio no desejo
Úmido e frio
Trazido pela chuva
Que amanhece em mim.
Um vazio úmido
No desejo nebuloso
Da manhã que passa
Sem nada dizer.
Um vazio mudo
A vagar na manhã
Da lembrança.
Um desejo surdo
A banhar a chuva
Tão vazia quanto eu.

Belo Horizonte, 17 novembro 2000