FALSA INOCÊNCIA

Vivemos hoje no Brasil a sutileza de uma realidade em que os escrúpulos são deixados de lado. Neste sentido o processo político brasileiro hoje, deforma ao invés de formar pessoas dignas.
FALSA INOCÊNCIA

Quando alguém assume aplaude admiração por quem não prima pelo caráter, o que deverei pensar?
Quando percebo atitudes tão sinistras numa clara demonstração de cobiça ao poder, o que poderei pensar?
Quando assumimos apoio a quem corrompe, no mínimo estaremos coniventes com a corrupção. Não é possível aceitarmos a conduta daquele que trai sem estarmos traindo também. Se aderimos ao cinismo de quem age assim, estaremos assumindo procedimento semelhante.
Se somos fiéis ao desonesto, somos adeptos à desonestidade.
Em síntese, não será pela distorção dos fatos que estaremos livres das nossas mazelas. Pior do que aquele que mente é o que além de mentir usa do poder para que outros mintam por ele.

Belo Horizonte, 15 outubro 2008

PISCAR DA APARIÇÃO

O que é ver alguém? Enxergar alguém com os olhos do sentimento, por vez poderá ser mais intenso que ver, deparar com o corpo físico. Diante da visão, maneira outra de ver. Diante do enxergar, a insinuação do sentimento a remeter os olhos a outra dimensão.
Do escuro a luz. Olhos fechados e contemplados por sutis movimentos. O que significa esta sombra fechada nos olhos estampados pelo agir da consciência?
Uma imagem estática, quieta, inerte. Dela a presença de outra imagem em ação indecifrável. Do seu gesto, algo semelhante a algum movimento engolido pela transparência do espaço.
Olhos fechados. Olhos abertos. De um piscar, luz. O Divino surge. O Divino aparece, sem aparecer.

Belo Horizonte, 21 julho 2001