FALTA DE RESPEITO

Aí vai um aceno de solidariedade
FALTA DE RESPEITO

Ouço crônicas que Arnaldo Jabor apresenta diariamente na Rádio CBN. O cronista, por mais uma vez vem a público para dizer que não é o autor dos vários textos que circulam pela Internet com seu nome. Esta é a segunda vez que ouço o Jabor tratar de tema tão atrapalhado porque não é mesmo fácil conviver com isso. Aí ele começa a citar episódios de gente que ao encontrá-lo dá os parabéns pelo que o próprio Jabor considera e diz como disse no ar, “uma bosta”.
Concordo em tudo com o Jabor, os textos que leio e que logo percebo não serem dele dão conta de redações medíocres e inflamadas de lugares comuns e chucros, muito ao contrário do estilo do cronista. E como bem constata o Jabor, em situação assim os inimigos dele fazem festa porque quando nega ser o autor disto ou daquilo, a pessoa que o abordou sai revoltada em conclusões distorcidas.
Esta é situação desagradável sim, até porque ficamos expostos ao que há de mais leviano no ser humano, que é a total falta de respeito a alguém que, sendo ou não o Jabor, precisa ser respeitado.

Belo Horizonte, 08 novembro 2008

INDIFERENTE

Deixou-me na Avenida do Contorno. Diante do posto de gasolina, abasteci minha imaginação. Talvez tenha sido a última vez de um convívio raso e com seus dias contados.
Quando passo por aquele lugar, pensamentos dão voltas em minhas tantas averiguações. A avenida do Contorno, em toda sua extensão, permanece tão indiferente quanto a passagem dos dias capazes de tantas outras revelações. Ao invés de esquecer, ativo a lembrança marcada por suas não menos vastas hipóteses. Loucura da solidão que acompanha este estar untado de sonhos e fantasias. Sem ter o que acrescentar, vasculho caminhos e mais caminhos sugeridos pela avenida do Contorno e por tantas outras avenidas surgidas em meu vagar.
O que faço e o que sinto, permanece vivo e acordado nessa busca de traçado tão diverso. Até que deparo com sutil manifestação de carinho. Permaneço quieto e fiel à crença do gostar. Assim é que permaneço indiferente e livre da indiferença.

Belo Horizonte, 07 janeiro 2002