INDAGAÇÃO INDIGESTA

O Texto Resposta faz parte da série que escrevi em 2002 com o personagem Cavaleiro da Meia-Noite, que faz parte cultura popular do município de Santa Luzia.
INDAGAÇÃO INDIGESTA

Não faço a menor idéia de quanto tempo leva para alguém aprender a viver. Nem sei ditar escola, lição ou método. E arrisco dizer que a vida impõe eterno aprendizado e que são nos detalhes, nos menores instantes é que surgem os grandes desabafos.
É tudo muito esquisito porque quando firmo sensação de que aprendi a conversar, se não cuidar para ficar mudo também irei para a besteira impiedosa e assim, rapidinho.
Observo as pessoas e percebo haver em cada, níveis de energia suscetíveis ou não aos que emanamos. Aí vai outra complicação sem tamanho. E quando resolvo escrever sobre isso, eis que sou chamado a uma outra reflexão. Ela surge querendo saber se tenho aprendido a viver. Fico atrapalhado e antes mesmo de pensar, vem um sei lá sem tamanho em resposta a essa indagação cá entre nós indigesta.

Belo Horizonte, 27 dezembro 2008

RESPOSTA

- Ser Cavaleiro da Meia-Noite é conviver com situações que vão se ajustando ao longo dos dias e das noites. O que poderá sugerir enorme mistério. Mas, se destinado à compreensão, o raciocínio alcançará a simplicidade. A distinção está no significado do que poderá ser ou não necessário ao nosso estar no mundo. Valores proporcionados por medidas diversas e tão comuns quanto as encontradas em cada um de nós.
Observe minha vestimenta. Ela poderá ser tão antiquada quanto revolucionária. Tudo depende da conclusão de cada pessoa. Em princípio, o uso que faço dela não está relacionado ao que é usado hoje. Também, no mais das vezes nem chego a ser visto. Bem sei das tantas lendas relacionadas à minha imagem que, em verdade, deverá sim incomodar, assustar e afastar aqueles espíritos expostos a tormentos e atos que libertam o mal por não reconhecerem o bem.
Sendo assim, ser o Cavaleiro da Meia-Noite é cavalgar pela liberdade de possuir a vida de uma outra vida escapada do tempo feito em minutos e horas. Por isso mesmo, não faço uso do relógio que tanta gente julga transportar, quando a bem da verdade são eles, os relógios, é que acabam transportando esses seres tão iludidos e confundidos justamente pelo que fazem.

Belo Horizonte, 03 dezembro 2002