SEM MAIS

Tudo porque saí por aí
SEM MAIS

Entrei naquela loja perdida lá no início da Avenida Olegário Maciel. Moça sorriu desejou bom dia e colocou-se ao meu dispor. Entre prateleiras não encontrei o que procurava e meio cético perguntei e pelo semblante dela percebi que havia chegado onde queria. Vendedora simpática nova disposta despachada. Pediu que eu a acompanhasse e colocou-me bem diante do que eu queria precisava obter. Mostrou modelos, elogiou todos, pegou neste e naquele e demonstrou saber o que dizia. Foi uma alegria saber que ali estava o que eu precisava. Já decidido escolhi o que mais me atraiu. Ela, ávida por vender, queria saber do que mais eu precisava. Fosse dizer das minhas tantas necessidades pra ela, ficaria ali manhã inteira. Considerei, por isso, mais pertinente agradecer e negar qualquer outra necessidade. Menti, sei que menti, mas foi para o bem dela que me indicou lugar para efetuar pagamento e levar o belíssimo espanador que acabei de adquirir.

Belo Horizonte, 08 dezembro 2008

SEREI MAR?

A ovelha azul traz o mar ao meu estar. Ainda que distante, a ovelha azul traz o mar para perto de mim. Ainda que utópico, o mar mergulha na realidade do meu sonho trazido pela ovelha azul.
Será a ovelha azul um sonho? Ou será o mar um sonho?
Serei eu o sonho? Ou serei o mar que sonha comigo?
No pasto das divagações o vagar da ovelha azul que mais parece navegar na água espaço da transparência deste pensar. E ainda que considerem tudo isso singular absurdo, digo ser mais absurda a realidade que então surge tão distante de tantas evidências.
A ovelha azul em seu silencio alerta para as contradições. Sem nada dizer, tento prestar atenção. Aí percebo estar sob a atenção do mar, afogado nesse mundo.
Mas que mundo é esse?

Belo Horizonte, 21 julho 2002