DESAFIO DA FÉ

Precisamos muito da fé

DESAFIO DA FÉ

Muito provavelmente o maior desafio enfrentado pela fé seja o da necessidade. Não é do egoísmo, o da cobiça e nem tão pouco o do revidar. Penso haver no desafio da necessidade rigor enorme pronunciado pela permissão de questionamentos que por si só evoluem para dimensão espantosa.

     Na realidade, a necessidade é antes presença nascida de nós mesmos porque as maneiras são muitas de escaparmos dela. Mas, também são muitas as tentações, as distrações e ilusões brotadas de falsas crenças. Fato é que quando chegamos a conviver mesmo com a necessidade já estamos por demais desprovidos de resistência que possa enfrentá-la, pelo menos de igual pra igual. É aí que a coisa complica porque quando fragilizados abrimos caminho para a dúvida e quando deixamos que a dúvida ocupe espaço passamos a comprometer a estabilidade da fé.

     Expor a fé às dificuldades pelas quais passamos é uma coisa, mas outra coisa é dispor a fé às dúvidas que em situação assim tendem a crescer abafando cada vez mais a nossa crença.

Belo Horizonte, 25 janeiro 2013

INDOLENTE

     A noite, enorme. O silencio, sábio de sua presença, amplia a consciência do ser. O ser, exposto ao universo da noite, reconhece o sentido do dia. Luz e treva.

     A palavra, ausente. A espera, emudecida. O sentimento, ferido pela ação traiçoeira que faz da noite seu esconderijo. A revelação, presente. Treva e luz.

     A força, presente. E da atitude nenhuma, a ação covarde de quem esquiva-se da evidência. O estar, exposto à mesquinhez de sua própria ação. Reflexo do agir confundido por ele mesmo. Luz e treva no castigo cultivado pela indolência.

Belo Horizonte, 13 julho 1999