Cadinho RoCo – Jeito outro de ler e pintar a vida.

Estréia oficial do Blog – 27 novembro 2006

terça-feira, 25 de junho de 2013

CONSTATAÇÃO SINGULAR



Série Cadinho de Prosa dos Folhetos Cadinho RoCo
CONSTATAÇÃO SINGULAR
     Estou cada vez mais voltado ao prosear com os santos do que com pessoas que, na realidade, nem tenho tido maior convívio. É o que digo a João da Barra que se delicia com o doce de cidra em calda enquanto ouve meu relato.
     Mas, para João da Barra essa minha observação chega a ser natural, porque quando comercializo doces em calda também exercito meu espírito de fé a induzir o pensar a questões idas além-evidências do cotidiano. Ainda mais agora, quando manifestações anônimas passam a merecer crédito meramente estético, posto não haver como legitimar um ato anônimo, por simples falta de representação.
     A propósito, como acreditar numa ação sem identidade?
Belo Horizonte, 25 junho 2013
CONSULTÓRIO SENTIMENTAL
     Na praia, o consultório sentimental. Ela aparece desolada.
     _ Já pensei em tudo e não consigo entender. Estou indo contra todos meus princípios e convicções. Ele é carinhoso, companheiro, amigo e dedicado. Um amigo, não passa de um amigo dez e poucos anos mais novo que eu. Uma criança linda e alegre que não pode passar de um amigo. Já pensei muito e não tenho como aceitar nenhum outro envolvimento. Mas sei estar evitando o que penso que poderá ser o inevitável. Por isso mesmo é que não tenho pensado em outra coisa. O que fazer?
     Um amigo que não passa de um amigo, no mais das vezes é um amigo e pronto. O que não parece ser o caso. Uma vez entregue ao agir do pensar, você passa a confundir tudo. Não será melhor pensar em agir? Ao invés da diferença das idades, não será melhor encarar a semelhança das afinidades? Depois, é só afinar o desejo e viver a música do amor.
Belo Horizonte, 10 fevereiro 2001

Um comentário:

Carla Ceres disse...

As manifestações não são exatamente anônimas, Cadinho. São coletivas. Abraço!