EVIDÊNCIA SUTIL
Série Cadinho de
Prosa dos Folhetos Cadinho RoCo
EVIDÊNCIA SUTIL
O dia amanheceu inquieto, há uma sensação
esquisita no ar. Um golpe escondido em sombras como quem domina a arte da
clandestinidade. Uma intenção dita por outras palavras a explorarem a ingenuidade
de quem não consegue alcançar a tradução das evidências.
O dia no céu ensolarado mostra
manifestações desencontradas pelas ruas bloqueadas pela insensatez de quem diz
querer ouvir, mas só depois que fizer tudo aquilo que apresenta como metas sem
prévias consultas.
A contradição é própria de quem ao querer
governar entra em total desgoverno por não conseguir assumir poder que lhe foi
conferido.
Quando a arrogância engole a humildade não
há mais ambiente para nada que não seja a renúncia.
Existem momentos na vida que mais vale
respeitar do que desafiar o imponderável.
Belo Horizonte, 01 julho 2013
CANETA VERMELHA
Quando
percebi meu corpo sangrando, perdi a razão do pensamento. A dor sentida, não
vinha do corpo. Não era dor física. Era sensação de estar indo embora, o eu de
mim mesmo. O calor da vida mostrou cor, escapando sem pressa, num gesto antes
meu.
Nem dor, nem desespero. Era sensação esquisita e fugida do entendimento.
Reação nenhuma. Foi tempo vindo e indo sem muita explicação. Dormi porque o
sono ficou maior que o susto. Acordei fraco, porém inteiro. Sangue sumiu. Mas
eu podia senti-lo em mim mesmo.
Quando precisei de caneta nova, encontrei-a com uma bela tinta vermelha.
Era ela a caneta que eu procurava. Seu sangue, sem dor, fez-se palavra. Foi
quando senti sangrar em mim, sentimento esquisito e fugido da razão do
pensamento.
Belo Horizonte, 05 março 2001
2 comentários:
Bom dia amigo, gosto do jeito que escreve, vais fundo na propria opinião e tambem explana as alheias.
Muito bom!
Mas quero mesmo é desejar uma excelente semana, um excelente mês e que esta metade do ano que começa lhe traga grandes inspirações, grandes acontecimentos e boas noticias para manifestar a sua opinião, tão bem descrita.
beijos
Ritinha
Oi, Cadinho! Uma semana pacífica e sem golpes pra todos nós. Abraço!
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