MUITA SAFADEZA

SÉRIE XAMÃ

FOLHETOS CADINHO ROCO

MUITA SAFADEZA

     Sei que dia é hoje, aniversário do Brasil que nem sei se continua vivo ou se já foi todo consumido pela governanta e companhia, ou companheirada. É que a realidade anda de maneira tão esquisita que já não dá mais para afirmar se o que temos continua nosso ou se já fomos roubados e não sabemos. E isso se deve ao que passou a ser comum por aqui, apesar de toda estranheza.

     Hoje no Brasil o ladrão é quem se diz o mais indignado com o que roubou. O ladrão clama por justiça e quer investigação severa com o famoso jargão: “doa a quem doer.”

     Xamã fica agitado diante de tanta safadeza.

Belo Horizonte, 22 abril 2015

FAZ FRIO

     Apareceu o frio, dizem que vindo do sul. São tantos os estudos e previsões a buscarem o comportamento meteorológico, que tudo parece estar explicado muito bem explicado. Assim é que esticamos a vida para os próximos cem anos, num procedimento de necessária prevenção.

     Longe de ficar aqui em favor da dúvida, também devo reconhecer não possuir o ser humano tanta certeza. São pesquisas realizadas de todas as maneiras, em todos os lugares, com todos os temas e resultados. Sei sim ser comum surgirem aqueles estudos a afirmarem que aquilo que diziam ser o maior dos males, já não tem mais como ser sustentado. Por essas e outras é que penso estar a humanidade, diante de tanto conhecimento, mais perdida que encontrada.

     Falta humildade na atitude de quem quer ser o sábio dos sábios.

Belo Horizonte, 27 maio 2007