NOMES

NOMES

      Por muitas vezes esquecemos e até confundimos nomes de pessoas. Mas há quem traga memória simplesmente admirável lembrando nomes, datas, acontecimentos e detalhes impressionantes.

     Quando desejei bom-dia à Talita sabia que aquele não era o nome dela. Senti estranheza na sonoridade e busquei confirmação quando ela disse ser a Larissa. Isso mesmo, percebi de imediato lembrança acordando.

      Da Gabriele não esqueço, talvez por força da energia emanada por ela verdadeiramente cativante. Tem nomes que ficam mesmo cravados em nossa memória.

Belo Horizonte, 06 janeiro 2018

ESQUECIDO?

     O que respiro da solidão cheira a angustia. Invento novos motivos ao pensar. Dou voltas pelas possibilidades idas, buscando novas vindas.

     Mentira dizer ou pensar que esqueci daquela mulher. Seu silencio parece invadir minha solidão. Nenhum sentimento de aversão. Nenhuma aceitação. Longe do conformismo, a rejeição do inconformismo. A diferença parece estar só no trato com a indiferença. O que estampa mistério talvez para sempre mantido à margem de qualquer atitude.

     A solidão parece seduzida pelo sono. O sonho entregue a algumas evidências escandalosas. Para aliviar, o despertar do pesadelo. E apesar dos pesares, confesso não ter esquecido daquela mulher que acreditei ser capaz de acreditar no propósito remetido ao abandono.

     A solidão mostra a cegueira e impõe sombra à luz. Das contradições, encantos vindos ao brotar de novos plantios. Interessante perceber o discurso do esquecimento cultivado pela lembrança. Entre tantos contrastes, a sensação de estarmos encontrados pela ilusão do desencontro. Se não sou o esquecimento serei o esquecido?

Belo Horizonte, 06 fevereiro 2002