CAMÉLIA

CAMÉLIA

Há um desafio no ar

Sinais sutis

Em meio ao respirar

Que nunca é demais.

Longe do mar

Tantos animais

Resolvo arborizar

Sonhos sensacionais.

Da poesia

A camélia

Tão quieta.

Mas o que me inquieta

É a ação correta

Dela flor tão macia.

Belo Horizonte, 11 julho 2018

SÓ DINHEIRO?

     Era muito dinheiro.

     Era dinheiro nenhum.

     Era dinheiro que não acabava mais, porque é sempre assim que o dinheiro faz com a realidade levada à ilusão de que poderá ser ela vendida ou comprada. Aí apareceu aquela voz afirmando haver preço em cada coisa existente em mundo de mercadorias encarnadas por pessoas desencarnadas de suas próprias origens.

     O bordel estava insuportável naquela noite acesa por tanta embriaguez a confundir a luz de cada olhar. Ela em sua alegria entorpecida por alucinada espera tentava resistir ao corpo rendido por sua própria exaustão.

     O que era muito dinheiro?

     O que era dinheiro nenhum?

     Era dinheiro que não acabava mais com o tormento de tão incessante busca. Era vontade de ser feliz. Só isso.

Belo Horizonte, 30 abril 2006