Cadinho RoCo – Jeito outro de ler e pintar a vida.

Estréia oficial do Blog – 27 novembro 2006

quarta-feira, 15 de agosto de 2018

ANTÚRIO


ANTÚRIO
Observo o antúrio
Em sua natural imponência
Instante que desfio
Da minha própria ausência.
Indago do frio
O que sugere tanta teimosia
Chegando à beira do delírio
Em insinuação mais que vazia.
Antúrio mostrando
E escondendo sua flor
Confusão apontando
Para o engano em supor
No que reage pensando
Estar a flor naquela cor.

Belo Horizonte, 15 agosto 2018
DEPOIS DA COMUNHÃO
     Igreja lotada.
     Tão logo padre terminou o sermão ela começou a inquietar-se.
     Menina de seis ou sete anos talvez. Abaixou-se logo atrás de mim. Cochichou no ouvido da mãe, o que não ouvi. Voltou a abaixar quando todos se ajoelhavam.
    Assim foi abaixando, levantando e cochichando.
    Passada a comunhão veio estar próxima de mim. Abaixou quase deitou no chão. Olhei-a riso de compreensão.
    Eu havia acabado de comungar.
    Ela aproximou-se e disse para mim: - Tem uma barata ali..
    Mas a senhora ao lado ouviu e tudo aconteceu numa sequência instantânea, cadenciada, como passada por ensaio.
    Padre pede que todos se levantem, senhora ao ouvir a menina solta grito de espanto agudíssimo: - Oh!
    Quando percebo estão todos aqueles pares de olhos apontados para mim, indignados. Maior surpresa foi perceber aquela senhora de inacreditável cinismo com seus olhos de censura estatelados fixados em mim, como tivesse eu dado-lhe um beliscão ou algo parecido.
    Eu havia acabado de comungar.
Belo Horizonte, 09 Dezembro 2006

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