Cadinho RoCo – Jeito outro de ler e pintar a vida.

Estréia oficial do Blog – 27 novembro 2006

quarta-feira, 14 de outubro de 2020

AMULETO

  AMULETO

      Três semanas para pescar um peixe que simplesmente sequer beliscava a isca. O pescador já quase entregue ao seu desalento conversa com um daqueles aldeões que, meio ressabiado, diz conhecer um velho benzedor muito forte e capaz de mudar a ordem dos acontecimentos.

     Pescador aceita a sugestão, velho aparece saindo do seu casebre sem dizer nada. Acende pequena fogueira no chão e na frente de todo mundo faz uma mistura de ervas que depois de cozidas mostram espécie de melado. Velho aperta aquela massa quente que depois de esfriada apresenta-se como um amuleto. Recomenda ao pescador levar consigo aquela pequena peça, ir na direção tal e lançar o anzol na água.

     Dia e hora tudo pronto, amuleto no bolso, anzol na água e eis que surge um puxão.

      Depois de quase uma hora eis que aparece o peixe, uns trinta quilos, exatamente aquele que o pescador tentava pescar a três semanas.

      O pescador olhou para o peixe, do bolso tirou o amuleto mostrando-se fisgado pelo acreditar.

Belo Horizonte, 14 outubro 2020

PESADELO

     O pesadelo não dorme e nem deixa a gente dormir. Presença mais que irritante parece ter prazer em ficar instigando o que está quieto exatamente para não atrapalhar o curso dos acontecimentos com indesejáveis colocações. Mas aí vem o pesadelo e complica tudo.

     Tudo bem, resolvo chamar pesadelo para conversa de entendimento, sem ressentimentos nem nada. Ironicamente pesadelo pergunta se não está tarde demais, digo termos o resto da noite inteira ao nosso dispor, pesadelo sugere que eu durma em paz, porque caso perceba em mim agitação ele será forçado a interferir naqueles sonhos bobos servidos pra nada.

     Será possível entender a linha de conduta adotada pelo pesadelo?

Belo Horizonte, 09 março 2020

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