REALIDADE VIRTUAL
REALIDADE VIRTUAL
Conheço alguém que não conheço. Eis o
mundo que estou nele embaraçado pelo que é virtual, mas tão real quanto. Aliás sinto-me
em uma realidade virtual querendo acreditar no que acontece, mas acreditando no
que não acontece.
Sou atraído para onde estou não estando,
isso parece estar feito em rotina.
Ao perceber o crescimento das plantas
certifico-me que o tempo está passando. Não há nada parado. Nem o silencio que
extraio do tempo denuncia paralisia.
O dia quente aquece ainda com mais
intensidade o meu espírito inquietado por sua quietude.
As plantas sinalizam para mim o que não
posso revelar.
Permaneço nesse mar, não consigo ainda
avistar a praia.
Belo Horizonte, 16 dezembro
2020
PÓLEN
O dia que imaginei amanhecer, não amanheceu. Ele simplesmente não era o
dia que imaginei que fosse. Um engano como qualquer outro.
Sonhei que continuava sonhando. Mas o sonho já havia terminado. Eu já
estava inserido à realidade, sem reconhece-la. O que também não mudou em nada o
seu curso.
Não percebi o que estava acontecendo. Não dei atenção ao ar daquele
instante. Nascera uma flor, sem que eu soubesse. O que não interferiu em nada o
seu crescimento.
Era noite quando despertado fui por aquele sopro quente em meu coração.
Respirei o pólen da flor, mesmo sem te-la reconhecido. O que não fez a menor
diferença naquele instante.
O dia não amanheceu. Fiquei anoitecido. Mas havia espécie de luz naquela
flor.
Belo Horizonte, 11 abril 1999
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