HEROÍNA INTRANSIGENTE

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HEROÍNA INTRANSIGENTE

     Quando pensei estar tudo resolvido eis que ela pediu comprovante de residência.

     Eu já esperava algum tempo pra ser atendido, só ela poderia tratar daquele assunto. Em mãos eu tinha documento lavrado em cartório com assinatura do tabelião, tudo autenticado dizendo endereço da minha residência. Mas pra ela, não serviu.

     Fui embora com propósito de voltar no outro dia, não sem antes ouvir da heroína gerente que o comprovante deveria ser recente. A propósito, o bendito documento do cartório estava com apenas um dia de vida.

Belo Horizonte, 26 agosto 2013

MORRENDO DE SONO

     Tento dormir, sem êxito. A noite transformou-se em intensa sucessão de assuntos a irem, sem parar, despertando meu raciocínio. Por estar deitado, penso em levantar. Mas insisto em querer dormir. Ao invés do sono, novas sugestões a vasculharem pela indisposição de casos, possibilidades e fantasias a darem sentido outro à realidade.

     Levanto. Uma vez indagado pelo apetite percebo fome. Na cozinha, o pão. Na geladeira, a cerveja. Como e bebo sem pressa e  sem exagero. No quarto, a insinuação dela que já sei não estar presente, estando sim apresentada por algum possível processo telepático, para não dizer lunático.

     Deito novamente. Durmo quando não sei. Acordo cedo para a vida, morrendo de sono.

Belo Horizonte, 24 outubro 2001