PROSA MUDA

Série Cadinho de Prosa dos Folhetos Cadinho RoCo

PROSA MUDA

     Porta, portão, porteira.

     Passo pela porta, passo pelo portão, sigo por ruas e avenidas em passos confiantes no encontro que quero encontrar.

     Dos desencontros fecho portão e porta na esperança de encontrar motivo para abrir porta e portão de novo.

     Passa tempo por mim, pela porta e pelo portão a não permitir a entrada de intrusos. Não posso deixar portão aberto não posso deixar que dessas tantas idas venha a mim o desânimo, o desalento.

     Porta, portão, porteira. Gosto de ver em meio à paisagem aquela porteira tão singular.

Belo Horizonte, 02 agosto 2013

CERVEJA ESTUDANTIL

     Sexta-feira, aula acabou dando início a outro sentido para o dia. Manhã quase meio-dia transpirando sol a iluminar a beleza do céu e da terra coberta por tanto o que fazer. Frio confundido pelo calor do convívio ido à lanchonete da esquina. Para celebrar, uma cerveja estudantil.

     No namoro das conversas, casos e perspectivas engraçadas e assanhadas por movimentos repentinos a provocarem ruídos nas cadeiras. Gole daqui, comentário dali e o anúncio de inesperada expectativa. Ela está, sem querer estar, apaixonada. Coisa passageira que incomoda sem comprometer.

     Para a semana que vem, ninguém sabe o que virá. E da conversa o encontro para mais tarde e a intenção de deixar que tudo aconteça naturalmente.

     Acontecerá?

     Hora de ir embora. Despedidas calorosas entre copos e garrafas vazias a inundarem de felicidade e encanto os corpos daquelas princesas.

Belo Horizonte, 17 agosto 2001