JOSÉ

Se eu não escrevesse aqui, como é que saberiam da existência do José?

JOSÉ

Hoje resolvo citar o José que é um Beta que convive comigo. Para quem não sabe Beta é raça do que também citam como peixe-de-briga. Mas o José é sujeito manso, desde que não mexam com ele. Vive só em seu aquário com todo azul reluzente do seu corpo que confere a ele beleza indiscutível.
Meu convívio com o José é sem problema, sabemos da existência do outro e assim é que cada qual do seu mundo vive como pode. Em muitos momentos de simples pensar observo o José que por vezes cisma de esconder-se entre pedras, quando não resolve exuberar sua presença estendendo cauda e nadadeiras enormes.
Mas o que há mesmo de especial no José é o fato de colocar-se totalmente adaptado ao seu mundo, livre de toda e qualquer amolação. O José, por mais agressivo que possa parecer é presença de paz, desde que não sinta-se invadido pelo surgimento de intrusos. Mas, quem não é assim?

Belo Horizonte, 19 março 2008

TRINDADE INFINITA

Notícia corre, percorre ouvidos, invade conversas e quando menos esperamos eis que ficamos sabendo daquilo que por vez surpreende até mesmo nossa imaginação. Notícia corre e mentira tem perna curta. De um gesto distraído ou de uma palavra que escapa, eis que somos atingidos pela luz a revelar o antes segredado. Notícia corre, mentira tem perna curta e a verdade não tem duas caras. Assim faz-se a trindade da verdade e da mentira completada pela notícia que encontra forma diversa de expressão. E o que antes parecia impossível, torna-se possível, pelo simples fato de não conseguirmos limitar tudo que queremos.
A extensão da notícia, da mentira e da verdade parece unificada pelo infinito. Até onde vão a notícia, a mentira e a verdade? Enquanto isso, passeamos por esse mundo de labirintos servidos como esconderijos e acessos que nem sempre estão expostos à nossa mais diversa percepção.

Belo Horizonte, 30 abril 2003