DO QUE VIVO

A questão não limita-se ao vender por vender e sim no propósito de chegar mais perto

DO QUE VIVO

Sempre que busco novo lote de camisetas para pintar, penso no que faço e no que faz comigo o que faço para sair por aí mundo afora.
Ainda agora recebi comentário das pinturas e antes pensava em como agradecer as pessoas que não sei quem são mas que sei terem adquirido as camisetas e por consequência as pinturas.
É a tal coisa. Faz algum tempo ouvi espécie de advertência para o fato de não insistir tanto no tema das camisetas. Acolhi e até onde pude fui com o propósito de evitar assunto. Mas tem hora que não dá.
Hoje sinto enorme sentimento de gratidão por saber que em lugares que não conheço, pessoas usam camisetas com estampas das minhas pinturas, que nem são tão minhas. Sou autor e fim.
E no não saber como agir é que então trago às palavras o transpirar desta sensação que em mim expande entusiasmo em pintar mais e para quem está por descobrir as camisetas.

Belo Horizonte, 04 abril 2008

PIRRALHOS

Está cada vez mais evidente aos meus sentidos frase dita a mais de dois mil anos: “Não dá para servir a dois senhores.” A simplicidade desse raciocínio chega mesmo a surpreender a gente.
“Não dá para servir a dois senhores.” Por mais que queira a mentira ser verdade, não dá para fazer da verdade, a mentira. Minto, omito, finjo, fujo, escapo, esquivo, saio de fino. Tudo para acabar num mesmo resultado da mentira, ilusão, engano, sonho e fantasia. Ao deparar com a realidade, o cheiro outro que sufoca, estrangula e arruina a verdade.
“Não dá para servir a dois senhores.” São mais de dois mil anos.

Belo Horizonte, 30 junho 2003