SEM ABORRECIMENTO

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SEM ABORRECIMENTO

Se é pra aborrecer afasto saio fora quero distância. Prefiro assim melhor não mexer porque pra enfrentar realidade tem de ser outra que agora não é.
Ambição tenho é na tinta que dou ao traço de cada camiseta que pinto. É coisa de explicação qualquer que queira dar, mas já previno que mais vale sentir. Só que jeito de perceber incapaz de ir dedo além do evidente, isso é o que não falta. Se é prego é pra pregar, se é madeira é pra trabalhar no móvel porta janela e por aí nada que exploda em imaginação mais larga. Pensa no come dorme da vida, trabalho dinheiro pra gastar com sei lá e passar por tudo no pisado forte rude de nenhuma arte.
Quero isso não. Busca é outra no meu coração que já nem tão moço está mais. E no sem tormento da vida colho do sonho imagens que visto transfiro para camiseta que pinto. E faço isso pra vender porque da vida aborrecimento quero mais não.

Belo Horizonte, 12 setembro 2008

O NOME

Penso em como dizer, que descobri o nome daquela moça. Ao invés de pensar, digo que descobri. Cheguei mesmo a imaginar o seu nome, perdido entre tantas tentativas. Na dúvida, fiquei sem ter como acertar.
Encontrei-a pela manhã. Tivemos uma conversa alegre e reveladora. Alegre, por estarmos alegres. Reveladora, por eu ter tido, finalmente, acesso ao seu nome. Agora, posso afirmar não ser ela a Helena, nem a Maria Helena e nem a Madalena. E digo mais. O seu nome não é Patrícia.

Belo Horizonte, 19 novembro 2000