PARA SOBREVIVER

Na realidade a realidade é esta

PARA SOBREVIVER

Uma coisa para mim é certa certíssima quando constato não ser mais possível pelo emprego formal ter eu como manter minha sobrevivência com dignidade. Ao pensar em ir para a beira do mar, que é justo o que tenho feito, trato de cuidar do que posso fazer por mim mesmo diante da realidade que é a que possuo.

Tenho hoje a sorte de estar estimulado a fazer pinturas a óleo sobre tela nos painéis que coloco à venda com preços de oferta. Ainda ontem pintei uma camiseta, das poucas que ainda tenho em estoque. Tudo posto à venda pela dignidade do meu viver que precisa de dinheiro para sobreviver.

Belo Horizonte, 05 junho 2010

VEXATÓRIA

Não sei se a insistência é minha ou do tema. Melhor dizendo, da aparente indiferença sugerida pelo tema por tantas vezes evitado, omitido, camuflado, deixado de lado ou, quem sabe, esquecido. Daí, a possível origem de uma certa necessidade da insistência. O fato é que a questão da vexatória, para não dizer indecente divisão de renda existente neste Brasil do terceiro milênio, parece não causar qualquer incômodo aos que, providos de escandalosa ambição, dão vivas mostras de suas posturas no mínimo desumanas. Resta então, insistir no assunto. Provocar sua extensão pela exaustão, tentando estabelecer um mínimo de sensibilidade capaz de despertar seres humanos para questão mais que humana.

Se a missão escancara enorme angustia, pior ainda é ser por ela atingido como se nada estivesse acontecendo.

Belo Horizonte, 13 novembro 2001