ILUSÃO DA VIDA

Vivemos de estímulos

ILUSÃO DA VIDA

    Perco aos poucos toda ilusão deste mundo e com isso percebo ser o dinheiro não só necessário como fundamental para a sobrevivência.

     Sem dinheiro não tem conversa.

     Sem dinheiro não tem assunto.

     Sem dinheiro não tem como ir a nenhum lugar com mínimo de dignidade.

     Sonho que durmo em meio à insônia que agora deu para questionar o meu viver. Quer saber como posso estar vivo tão sem dinheiro. Sem dinheiro a vida finge que vive. Sem dinheiro não há o que fazer.

     Sonho que vivo e quando percebo eis que o que penso ser vida não passa de insistente tentativa a pretender a vida que em verdade não tenho.

Belo Horizonte, 14 maio 2012

PAINÉIS NA RECEPÇÃO

     A compra de um painel que crio produzo, óleo sobre tela, não se dá por puro, simples e mero acaso. Ela acontece por intermédio de diálogo ido além limites propostos pela realidade do instante concreto.

     Quando quis saber mais dos painéis que crio pinto, chegou a dizer de uma inexplicável inquietação que ele sentia vir das pinturas expostas em fotos virtuais. Puxou assunto, via mensagem eletrônica, pra depois ser acordado por aquele espaço em seu mundo, universo de trabalho. Quis a presença do painel naquela parede, naquela recepção de pessoas que por ali transitam, ou ficam à espera de atendimento todos os dias. Os painéis passaram da atenção para distração e da distração para a reflexão.

     Adquiriu duas peças despachadas em tempo hábil, como de hábito.

     Agora, passado algum tempo, nova mensagem dele que, por sugestão da secretária, encomendou outras duas peças porque os painéis, de alguma maneira suavizam a espera das e dos pacientes que freqüentam o seu consultório.

Belo Horizonte, 24 março 2011