Cadinho RoCo – Jeito outro de ler e pintar a vida.

Estréia oficial do Blog – 27 novembro 2006

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

FILOSOFIA DOS PUNHAIS



Da vida o homem coleciona lições
FILOSOFIA DOS PUNHAIS
     Sobre a mesa de centro da sala sede da Fazenda Campo Alegre, entre outros objetos de decoração dois punhais. Duas pequenas peças, uma mais antiga do que a outra. É nítida a diferença das lâminas, uma totalmente polida e a outra com pontos escuros de ferrugem.
     Zéostaco pega um e outro punhal. Ambos afiadíssimos e com pontas finíssimas. Lança um e depois outro sobre a mesa de madeira, ambos ficam fincados sobre ela. O homem observa os dois punhais e desvia olhar pra mim dizendo haver em todo punhal enferrujado muita estória. Punhal sem ferrugem é punhal frio, sem marca de acontecimento quente. E tal como acontece com punhais, assim sucede com a vida que quando mostra feição enrugada, ou enferrujada pelo tempo, sinal de que naquele viver há muita estória guardada. Talvez seja coisa do sangue mesmo que tanto enferruja os punhais quanto salga de velhice a carne que muda de jeito com o passar do tempo, constata Zéostaco.
Belo Horizonte, 21 fevereiro 2013
O AMANTE
     Palavras e pensamentos que flutuam pelo espaço que aproxima e que afasta, sem afastar. Mesmo longe, a situação que aproxima o sentimento de sua essência. Aí, a evidência da aproximação que cega a distância, arrancando-a da surdez e do sabor rude que desaparece quando surge o toque carinhoso de tão singular revelação. Por ser único, o nosso silêncio é o mesmo.
     Ela existe trazendo a magia da fada superada pela mulher, capaz de transformar a realidade da realidade. Ela existe, com a mesma intensidade sentida pelo sangue incendiado por sua existência. Ela existe, com a mesma percepção a provocar o gesto quase aéreo da mais leve carícia.
    Desse estado amante, a razão perdida e encontrada no mundo desse outro mundo cultivado pela sutileza de expressões tão concretas. E o amante, uma vez saído das entranhas, nasce respirando o oxigênio do amor encarnado e iluminado pela mesma luz que banha o nosso sol e a nossa lua.
Belo Horizonte, 20 novembro 1999

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