FILOSOFIA DOS PUNHAIS
Da vida o homem coleciona
lições
FILOSOFIA DOS PUNHAIS
Sobre a mesa de centro da sala sede da
Fazenda Campo Alegre, entre outros objetos de decoração dois punhais. Duas
pequenas peças, uma mais antiga do que a outra. É nítida a diferença das
lâminas, uma totalmente polida e a outra com pontos escuros de ferrugem.
Zéostaco pega um e outro punhal. Ambos
afiadíssimos e com pontas finíssimas. Lança um e depois outro sobre a mesa de
madeira, ambos ficam fincados sobre ela. O homem observa os dois punhais e
desvia olhar pra mim dizendo haver em todo punhal enferrujado muita estória. Punhal
sem ferrugem é punhal frio, sem marca de acontecimento quente. E tal como
acontece com punhais, assim sucede com a vida que quando mostra feição
enrugada, ou enferrujada pelo tempo, sinal de que naquele viver há muita
estória guardada. Talvez seja coisa do sangue mesmo que tanto enferruja os
punhais quanto salga de velhice a carne que muda de jeito com o passar do
tempo, constata Zéostaco.
Belo Horizonte, 21 fevereiro 2013
O
AMANTE
Palavras e pensamentos que flutuam pelo
espaço que aproxima e que afasta, sem afastar. Mesmo longe, a situação que
aproxima o sentimento de sua essência. Aí, a evidência da aproximação que cega
a distância, arrancando-a da surdez e do sabor rude que desaparece quando surge
o toque carinhoso de tão singular revelação. Por ser único, o nosso silêncio é
o mesmo.
Ela existe trazendo a magia da fada
superada pela mulher, capaz de transformar a realidade da realidade. Ela
existe, com a mesma intensidade sentida pelo sangue incendiado por sua
existência. Ela existe, com a mesma percepção a provocar o gesto quase aéreo da
mais leve carícia.
Desse estado amante, a razão perdida e
encontrada no mundo desse outro mundo cultivado pela sutileza de expressões tão
concretas. E o amante, uma vez saído das entranhas, nasce respirando o oxigênio
do amor encarnado e iluminado pela mesma luz que banha o nosso sol e a nossa
lua.
Belo Horizonte, 20
novembro 1999
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