NAVEGANDO
NAVEGANDO
Tem coisa que não
comento
Tem coisa que não
invento
Tem coisa que solto
no vento
Tem coisa que é só
tormento.
Fujo em busca de
alento
Querendo outro
momento
Lugar ou
consentimento
De algum novo
incremento
Ao mais solene
despertar
Daquele sonho a
vagar
Por mares e outros
ares
Por marés e outros
bares
Pulseiras e colares
De um mesmo navegar.
Belo Horizonte, 18
maio 2018
CONVERSA AFIADA
Prostituiu-se.
Tão logo ouvi aquela conversa, no íntimo
imediata reação. Será?
Depois de vagar por tantas noites
encantadas por tantas aventuras, dizem que decidiu prostituir-se. Mas, sabemos
todos, que dizer dizem muitos sobre muitas coisas. Conheço a mulher citada e
por isso mesmo percebo ecoar no intimo o mais vivo termo da dúvida. Será?
Além de já não ser nenhuma criança
adolescente, trata-se de uma mulher emancipada e com reconhecida carreira
profissional, com escritório instalado, cartão de visitas com endereço e tudo,
sobrenome que ela faz questão de enfatizar peso de sua tradição e mais um
bocado de detalhes completamente contraditórios ao agir proceder de uma
prostituta. Mãe de filha que já deve até ter constituído família, dando-lhe um
ou mais netos. Mas, nada disso impede, rigorosamente, que ela tenha escolhido
para esse seu momento de vida, a prostituição. Se é assim, da dúvida esbarro na
afirmação. E daí?
Continuo andando por essa passagem plana,
que mostra perfil de uma cidade. Nesse vagar penso comigo na força poder de
conversas que fluem até mesmo pelos meandros de buracos como este. Será possível?
Belo Horizonte, 14 janeiro 2005
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