PANTUFAS
PANTUFAS
Dia desses
ganhei par de pantufas vindas do estrangeiro, não sei ao certo de onde, mas sei
que vieram de longe. Estavam guardadas, quietinhas, no armário, até que resolvi
experimenta-las e pronto; não quero mais deixar de fazer uso delas.
Confortáveis, macias, anatômicas, simpáticas, sensacionais.
Sou
outro depois que descobri estas pantufas capazes de darem aos meus passos
agilidade e prazer em pisar pela casa. Agora invento o que fazer só para
caminhar de cômodo a outro com meu belo par de pantufas até que vem a hora de
dormir, quando então desejo boa-noite a elas que acolheram tão bem meus pés por
horas inteiras.
As
pantufas parecem não sofrer nunca de incômodas insônias!
Belo Horizonte, 31 março 2020
MEGERA
Aquela senhora caminha com seu chapéu de
gosto totalmente discutível. Atravessa a rua encontra duas rechonchudas amigas
em conversa animada.
- Ótimo encontrar vocês aqui porque estou
que não me aguento. Sabe a tal vizinha que mudou dia desses para o nosso
prédio? Cada vez mais insuportável. Reclama de tudo e não dá a menor confiança
para ninguém. Já o marido, aquele sim é que é homem educado, fino, elegante e
com um olhar que nem conto para vocês.
Pelo sinal da santa cruz, quando ele
aparece todo aborrecimento desaparece. Como é que pode ele ser casado com
aquela ... megera?
Pelo sinal da santa cruz, chego a ficar
zonza com a presença dele no elevador.
Sigo meu caminho pensando comigo do que é
capaz a falta do que fazer na vida de certas pessoas.
Belo Horizonte, 25 novembro
2016
Um comentário:
Textos maravilhosos!
Beijos!
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