ARRUELA
ARRUELA
De repente o que parecia perdido apareceu
trazendo consigo alívio e satisfação. O problema é que aquela não é uma arruela
qualquer e nem sei se consigo encontra-la disponível no mercado por tratar-se
de produto importado.
Primeiro procurei pelo chão porque ela só
poderia ter caído mais ou menos por ali e nada, porque o chão foi varrido pela
manhã. A conclusão lógica é dela ter ido, inadvertidamente, para o lixo, mas
não foi.
Já sem qualquer esperança de encontrá-la
eis que a pecinha apareceu no cantinho da caixa onde estão a caixinha do
gravador e a do seu tripé. Ela não caiu no chão e sim no fundo da caixa com as
duas caixinhas.
Tudo resolvido e enroscado por sincero
sentimento de gratidão por ter achado a graciosa arruelazinha.
Belo Horizonte, 01 novembro
2020
DA
BOLEIA
O caminhoneiro resolveu dormir no caminhão. Da boleia dos seus sonhos,
imaginou estradas.
Tarde da noite no vazio do céu. Estrelas distantes, tão distantes.
Curvas nos pensamentos confundidos por atalhos, pontes e outros detalhes a
distraírem a trajetória do viver.
Ainda que o dia não tenha amanhecido, a decisão da partida acorda o
motor que vibra em busca dos seus continuados movimentos.
O caminhoneiro vai embora com o seu caminhão. Surge o sol, dando sentido
ao boné, companheiro de tantas ideias a identificarem trechos da paisagem. Na
carroceria da vida, carga inteira de uma esperança, que vive viajando.
Belo Horizonte, 27 maio 1998
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