BLOQUEIO

Nem sempre conseguimos passa por onde queremos passar
BLOQUEIO

O que parece ser simples nem sempre aparece pela simplicidade. O que parece ser tão transparente, nem sempre transparece.
Somos assim, mas também não somos assim tão evidentes até para nós mesmos. Refiro-me a um instante impregnado pela vontade de pintar a camiseta, mas não pinto. Não porque não quero, mas por alguma outra razão estranha ao que consigo perceber. Sei onde está a camiseta, sei onde estão as tintas. Tenho acesso ao que preciso, mas não é isso que trava a vontade. Há um acesso bloqueado, sei que há sem, no entanto, ter como chegar a ele.
O que quero dizer é que nem sempre consigo pintar uma camiseta. Nem sempre consigo fazer o que quero, ainda que tenha meios para fazer. Se é assim com a vida, assim é com meu convívio com as camisetas.

Belo Horizonte, 01 dezembro 2008

SOMOS PESSOAS

Somos pessoas boas. As más, matam. Não matamos, por termos fome e sede de vida.
Somos pessoas boas. As más detestam. Não detestamos, por termos fome e sede de gostar.
Somos pessoas boas. As más arruinam. Não arruinamos, por termos fome e sede de construir.
Somos pessoas boas. As más não acreditam. Não deixamos de acreditar, por sabermos do quanto é cruel a fome e a sede.
Somos pessoas boas. As más não são. Fingem ser pessoas, fugindo do que pede a cada um de nós sermos não mais que simples pessoas.
Somos pessoas. Somos humanos. Somos seres nascidos racionais. Somos o que somos. As más, não são. E quando deixamos de ser, ainda assim, continuamos pessoas a entenderem até mesmo as que insistem em não ser.

Belo Horizonte, 12 maio 2002