PODE SER

O que não dá pra ser é o que não queremos que venha a ser

PODE SER

     Recebo telefonema de jornalista querendo saber se cão Jota tem no verão problemas respiratórios. Ela faz matéria sobre situação dos cães da raça Boxer que trazem constituição craniana que dificulta sim respiração desses animais. Mas cão Jota não apresenta problema dessa ordem, caminho com ele diariamente, até para que eu possa distribuir Folhetos Cadinho RoCo – FCR por aí.

     Aproveito ocasião pra mencionar esse meu trabalho com FCR, jornalista mostra interesse, pede que eu escreva pra ela dizendo mais dos folhetos. Isso pode virar matéria, digo que sim porque já concedi entrevistas em emissoras de rádio e televisão pra falar deles. Em jornais e revistas não lembro ter acontecido algo semelhante.

     A jornalista me dá sensação de ser jovem animada com sua profissão e por isso faz com que eu escreva pra ela logo. O melhor de tudo é que ela já respondeu ao meu envio confirmando que os FCR poderão sim inspirar matéria pra que ela possa publicar na revista onde trabalha.

Belo Horizonte, 20 dezembro 2012

O ESTALO

     Lábios que beijei... ploft.

     Foi assim mesmo que aconteceu. Está bem, está bem, não foi bem assim. Há um elemento da imaginação aí. Ninguém cantava a música “Lábios que Beijei”, de Orestes Barbosa e Silvio Caldas. Mas, bastou o Sampaio tocar os primeiros acordes em seu trombone, para que a letra da música viesse à minha mente.

     Lábios que beijei...ploft.

     Foi um estalo rápido. A bola do chicle daquela donzela loira, estourou. Daí, surgiram aqueles lábios beijados pela goma de mascar, cuja tonalidade revelava, sem dúvida, o sabor tutti-frutti. Ainda que tenha ouvido, o Sampaio continuou sua música.

     Ao perceber que percebi o que havia acontecido, o olhar dela fugiu do meu. Continuamos distantes, porém aproximados pela música, ou por aquele inesperado estalo.

     Lábios que beijei...

Belo Horizonte, 15 fevereiro 1999