AFIANDO
AFIANDO
Escrevo pensando naquilo que pintarei
hoje. Enquanto isso sugestão partindo de desenhos em busca de efeitos da
aquarela que surge para mim demonstrando jeito sedento.
Observo as formas da natureza que são de vastidão impressionante. Olho
para minhas mãos querendo o desvendar dos seus movimentos secretos. Ouço a
manhã úmida, mas desencontrada da chuva que parece ter dormido tarde demais
para acordar tão cedo. Motivo para caminhar com cão Xamã pelas ruas da cidade
movimentada num dia útil para o muito que fazer.
Escrevo pensando na liberdade que busco alcançar em meio a tanto
aprisionamento. Preciso afiar a fé e cortar todos os entraves que por ventura
estão por surgir neste dia realçado pela chuva que, muito provavelmente, nos
dará o ar da sua graça mais tarde.
Belo Horizonte, 06 dezembro 2017
FITA
E FIGA
Um dia, como tantos outros dias, Valéria chegou da sua tão querida
Bahia. Vinha de Salvador, untada pela magia e crença daquela gente, sonhando
com o retorno pretendido, como tantas outras vezes.
Uma fita, lembrança do Senhor do Bonfim, uma figa nela amarrada. Amuleto
de proteção que ganhei da Valéria, que trouxe da Bahia para mim. Isso faz
tempo. A fita, antes cor-de-rosa, hoje denuncia o desbotar do tempo. A figa, de
madeira, permanece escura e protetora dos meus dias.
Ao ter fita e figa na mão, um toque de saudade. O presente baiano que
ganhei da Valéria estando em Copacabana, agita o mar deste sentimento oceânico.
Belo Horizonte, 26
março 2001
Nenhum comentário:
Postar um comentário