TUDO LÁ
TUDO LÁ
Dia desses alguém apontou a natureza para
mim dizendo estar tudo lá. Passei a ser buscado por minhas buscas sentindo
haver mesmo forte evidência de que tudo está na natureza. A questão está é em
saber observar as sutilezas dos movimentos e dos elementos integrados ao que
compõe a força do que foge dos artifícios numa busca frenética pelo que estampa
a natureza.
Tirou sapatos que deviam estar apertando
seus pés porque já era tarde e ela demonstrava cansaço. Não disse uma palavra,
não buscou ver quem via aquele instante dela tão só dela.
Ainda que sentada, pisava no chão frio
com singular satisfação estampada por seu semblante em busca de descanso e
alívio. Ficou assim por algum tempo até voltar a calçar os sapatos, levantar e
caminhar sabe-se lá pra onde.
Belo Horizonte, 07 dezembro 2017
DA
LADEIRA
Oito horas da manhã na ladeira da rua Marquês de Paranaguá.
Oito horas da manhã no sol que clareia a ladeira da rua Marquês de
Paranaguá. Oito horas da manhã no silencio da ladeira da rua Marquês de
Paranaguá. Oito horas da manhã de domingo da rua Marquês de Paranaguá.
Tentação da manhã no dorso da mulata que desce a ladeira da rua Marquês
de Paranaguá. Brisa de perfume que requebra no corpo dela que desce a ladeira
da rua Marquês de Paranaguá. Instante eterno que passa das oito horas, do
domingo e da ladeira da rua Marquês de Paranaguá.
Será ela uma miragem?
Belo
Horizonte, 01 abril 2001
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