ACORDANDO TARDE
ACORDANDO TARDE
O que não
escrevi quando acordei de madrugada jamais escreverei. Mesmo que eventualmente
eu venha a escrever, jamais saberei se o escrito refere-se à madrugada que
tirou-me de um sono pesado e perdido em sonhos que sequer esbarram agora em
minha lembrança.
Por um
instante considero possibilidade de sair do contextualizado pela realidade por
ação espontânea e desprovida de registros que possam dar a ela alguma
ilustração. Interessante buscar juízo diante do disforme que então vai saindo
de si mesmo adentrado em transparência no espaço agora ocupado pelo vazio.
Entre a
imagem do mar que vislumbro distante e onde estou o vazio então feito em
distância tão próxima de mim.
Belo Horizonte, 31 maio 2020
TUDO LÁ
Dia
desses alguém apontou a natureza para mim dizendo estar tudo lá. Passei a ser
buscado por minhas buscas sentindo haver mesmo forte evidência de que tudo está
na natureza. A questão está é em saber observar as sutilezas dos movimentos e
dos elementos integrados ao que compõe a força do que foge dos artifícios numa
busca frenética pelo que estampa a natureza.
Tirou
sapatos que deviam estar apertando seus pés porque já era tarde e ela
demonstrava cansaço. Não disse uma palavra, não buscou ver quem via aquele
instante dela tão só dela.
Ainda
que sentada, pisava no chão frio com singular satisfação estampada por seu
semblante em busca de descanso e alívio. Ficou assim por algum tempo até voltar
a calçar os sapatos, levantar e caminhar sabe-se lá pra onde.
Belo
Horizonte, 07 dezembro 2017
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