BUZINA DE AR
BUZINA DE AR
Onze anos trabalhando pelas ruas do
bairro Santo Antônio, em Belo Horizonte. Diz ser da roça e já está chegando a
hora de voltar pra lá com dinheirinho que foi ganhando ao longo de tantos anos.
Lá pelas entranhas do Vale do Rio Doce ele já está com construção da sua casa
quase pronta para abrigar sua família, esposa e três filhos pequenos. Enquanto
não chega a hora continua perambulando como ambulante com seus produtos
anunciados por uma buzina de ar daquelas antigas e com os amassados surgidos
pelo tempo de uso.
Aí aparece o que pode ser mãe e filha
para comprarem o que ele tem a oferecer. Abro o portão e da escada observo o
cão Xamã esperando pelo meu retorno.
Belo Horizonte, 23 outubro
2020
BEDELHO
A liberdade é, sem dúvida,
imprescindível em nossas vidas. Posso querer tomar sorvete guardado no
congelador com a mesma liberdade que posso travar este querer para que ele
fique por mais tempo ao meu dispor. Posso sair ou ficar em casa, posso vestir esta
ou aquela roupa com a mesma liberdade que posso escolher se saio com boné,
chapéu, ou nem um, nem outro.
Agora, quando resolvem meter
o bedelho na minha liberdade de ir e vir em nome de uma prevenção mal
explicada, para dizer o mínimo, aí a coisa complica.
Aceitar a imposição de quem
quer adentrar por aspectos pessoais do nosso ser é algo, de fato,
perigosíssimo.
A propósito, bedelho, para
quem não sabe, é uma ferrolho de porta.
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