INDEIFNIITIVO
INDEIFNIITIVO
Começo a entender que na verdade tudo
acontece, tudo passa mas, não definitivamente. Pode parecer estranho, mas o definitivo
está muito mais para a ilusão do que pensamos.
Sim, as coisas passam, não voltam mais, o
decidido está decidido e por aí vai. Mas, há sempre um instante solto por aí em
que possibilidades aparecem mexendo com o que passou, passado está sim, mas é
aí que o tal do definitivo engasga porque antes trazemos em nós mesmos
lembranças, memórias. Sendo assim, o definitivo está definitivamente posto como
tal, mas sempre mostrando uma pegada de ilusão porque o registro da sua
presença está num passado que guarda mistérios e mais mistérios.
Assim é que coloco-me diante da singular
constatação de que o definitivo é indefinitivo.
Belo Horizonte, 13 dezembro
2020
PAPO DE
AMIGO - 1
Ao entregar o seu cartão com endereço e
telefone, o amigo insistiu para que eu entrasse em contato com ele.
Depois de quinze dias, a secretária após
desculpa de hábito, volta a dizer que o amigo estava mesmo com um dia
ocupadíssimo. Eram tantos os compromissos que ficava difícil acertar um horário
para mim. Mas ele estava sabendo dos meus telefonemas diários e tão logo
pudesse, iria atender-me. Por isso eu deveria continuar telefonando.
Depois de trinta dias, a secretária faz do
seu cumprimento nova desculpa, anunciando estar o amigo viajando. Mas, para a
próxima semana, a perspectiva de que o encontro poderia acontecer.
Depois de quarenta e cinco dias, o amigo
continua sem ter como falar comigo. A secretária, sempre muito simpática,
enfatiza a grande virtude da insistência.
Sessenta dias passados, a secretária
atende o telefone. Já não quero saber do amigo. Convido-a para um jantar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário