SOBREVIVÊNCIA
Quando ficamos longe de onde queremos estar, até respirar se transforma em gesto estranho
SOBREVIVÊNCIA
Hoje, longe do mar, sinto-me um peixe fora d’água. Sensação estranha de asfixia, de afogamento em sentido inverso. Não quero dizer com isso que consigo viver no fundo do mar, qual peixe, de jeito nenhum. Mas viver distante do mar passa a ser cada vez mais estranho pra mim.
Pinto bonés com pensamento em São João da Barra – SJDB. João da Barra diz que ao invés de ter os bonés na cabeça, passei a ter a cabeça nos bonés, na pintura deles.
Observo o peixe pescado, eu pescador de detalhes. João da Barra diz que mar alimenta o peixe que nos alimenta tal como faço quando alimento bonés com cores e formas tão disformes quanto as ondas que esbarram pelas praias de SJDB.
Na arte pescador encontra peixe no mar tal como encontro pintura no boné. João da Barra lembra que assim é que encontramos meios de sobrevivência.
Pescador navega e pesca pra viver, eu pinto e escrevo pra viver.
Belo Horizonte, 19 novembro 2010
CHÃO DA TERRA
O chão da terra
É estranho
Alto baixo
Expressivo depressivo.
Seu macio aqui
Faz-se rijo ali
Cavando retas
Abrindo curvas.
De sua cor mutante
Conta tempo mudo
Engolindo sementes.
Da chuva busca forma
Desenho intrigante
Que muda rumo da gente.
Belo Horizonte, 08 dezembro 2004
9 comentários:
Misturou o mar e a terra, que em si, são elementos opostos...
Bom post menino.
Fique com Deus, menino Cadinho.
Um abraço.
Essa sua saudade do mar ,dói em mim...
Bom fim de semana,amigo!
Beijo!
É horrivel querer estar em outro lugar!!!!
Adorei o post demais!!!
Bjs
Meu amigo
Esta frase diz todo o sentir do poema e do texto.
Quando ficamos longe de onde queremos estar, até respirar se transforma em gesto estranho
É mesmo isso.
deixo um beijinho
Sonhadora
As curvas mudam o rumo das pessoas muitas vezes, mesmo.
: )
Beijo, cadinho!
Viver longe do mar é estranho e a estranheza se propaga na terra...
Gosto dessas antíteses!
Seus bonés têm cores vibrantes...
Abraços, Cadinho!
Seus bonés estão lindos!!!
E suas poesias, sempre, sempre belas!!!
Entendo na pele essa saudade de mar, de sal, de cheiro de marisia.
Sempre assim, ninguém sabe dos caminhos que teremos pra andar e onde chegar.
Lindíssimos, os bonés!
Bão e bom fds
O mar tem aquele quê que nos elabora os sentidos.
Longe, parecemos grãos de nada.
Estar longe do que amamos será sempre doloroso, mas amei cada palavra.
bj
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